segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Verdadeiramente esporádico


Não, não é amor. Espera aí.. Mas e se fosse?
Porque não arriscar: topa?
Lembra do começo? Quando os olhares eram indiferentes e os beijos iguais. Os beijos. Quentes, assumo, porém destemperados.
E as borboletas dançavam no meu estomago ao som do toque do meu celular, que hora tocava nas Quintas, outrora nos Domingos. Ligações inesperadas confirmavam a sua vinda. Ou a minha ida. E eu te amava enquanto o encontro acontecia. No outro dia nenhum vestígio, nenhuma palavra bonita boiando no pensamento. Nada lembrava você. Nenhum plano. E ambos se esqueciam de pensar ‘o que seria aquilo que dispensava reflexão?’... Enfim, dispensava reflexão. E nem expectativa tinha para uma nova ligação.
As borboletas nasciam e morriam gradativamente.
Tinha tudo pra não dar certo. E não deu. É claro que o sentimento ia brotar. De alguma parte ele veio súbito e brusco porque éramo-nos certos quanto à dispensa da reflexão. Mas poderia ser previsto por qualquer que soubesse da intensidade, da intimidade, da cintura que possuí o formato exato da mão. Qualquer que soubesse de meia dúzia dos segredos. Das madrugadas, do café da manhã. Do chocolate branco que até hoje não foi mordido.
É claro que o sentimento ia brotar. Brotou, contudo de intrometido, foi que nasceram também algumas pragas: um medo inédito. Alias dois.
Um medo meu e um medo seu. O meu, medo de praxe, desses costumeiros que todo mundo esconde. Medo de cheirar perto pra reconhecer se bom ou ruim. O medo de escapulir alguma evidencia de amor. O medo de um golpe, uma facada traiçoeira. O medo obscurecido pela insegurança. O tradicional medo de confessar o evidente. Acredite, o amor pode ser vilão, neste contexto, o medo paga o pato.
Quanto ao seu... Melhor não arriscar a descrevê-lo. Não me perdoaria um equivoco. Sei que medo, enfim.
Duas semanas sim, uma semana não. Uma semana sim, uma semana não. Uma semana sim, uma semana sim. Seis meses sim, sete meses sim. Creio que se te amei foi tão verdadeiramente esporádico de tal forma que é impossível distinguir quando o foi realmente.
E agora? Para onde vai você? Para onde deverei seguir?
Não há como pegar o líquido nas mãos e segurar como se sólido fosse.
E nos sempre fomos líquidos, compreensivos, transparentes. E o amor não deixará de ser assim picotado, repartido entre os dias sim e os dias não, até o momento em que outra luz mais forte, cintilar a sua grossa camada indelicada e adentrar por você a fora. Acredito que com essa mesma intensidade, em mim também outro riso ainda mais alto que o seu, far-me-á desengasgar esse silencio que trago preso aos olhos.
E vai ser assim o nosso fim. Desfalecido desde o primeiro instante. E assim vai acabar o amor que não brotou por culpa das pragas. Ervas malditas, que me impediram de sonhar. Você, o imperfeito, torto, mocho, leviano. O único que ouviu as mais sinceras palavras no meu silencio inabalável.
Ainda dispenso a reflexão e você o faz também quando ao fim do meu discurso apenas diz: I don’t have words about this.

7 comentários:

  1. Quee lindo amigaa, como sempre!! Posso dizer que ta cada vez melhor..!Te amo!

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  2. sen-sa-cio-nal!!! mordi uma, duas, cinco, sete.. vezes. nao sei se pela nossa proximidade eu pude ver a storia q vc descreve com meus olhos, mas suas palavras alcançaram uma dimensao q presença nenhuma perceberia. simplesmente perfeito.

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  3. Obrigado pelas palavras e por seguir o blog Oitavo Anjo, parabéns pelo blog!

    (seguindo)

    Bjs

    http://khitmutgar.blogspot.com/

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. INCRIVEL!!!
    Gostei muito de todos textos.


    André Junior(Sorim)

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