quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sem receita

4:30 da manhã, morta.
Cheguei tarde não porque a festa estava boa, mas porque eu passei a noite toda tentando entrar na fôrma.
Aquela festa de ontem me fez comprovar o que eu já desconfiava.
Tinha vokda, cerveja, show... As pessoas dançavam. Eu não gosto de dançar.
Um sujeito deixou cair algum liquido não identificado no meu vestido e eu fiquei nervosa, não suporto tumulto, empurra-empurra, lotação.
Todos sorriam e pareciam felizes e eu tive que desenhar um sorriso na boca e fingir ser como eles.
Tinha uma mulher à esquerda do bar encostada na parede, e quando ela deu uma risada eu quase vi o esôfago dela. Do que ela estaria rindo?
Eu ria, mas por fora. Por dentro eu queria sair correndo dali, jogar meu copo de cerveja longe e ir pra casa curtir meu autismo.
Eu gosto de pessoas, mas não quando elas querem ser todas iguais, ontem eu não estava gostando de mim.
As pessoas querem ser iguais as outras que são iguais a outras as quais jamais se deixam ser o estranho particular que cada um tem. É parecido com receita de bolo que a avó escreve num caderninho rabiscado: 3 ovos, farinha, fermento coloca no tabuleiro quadrado, aquele 30x20cm que é a fôrma exata e pronto, um bolo igual aos outros.
Eu não quero mais tentar entrar na fôrma. Não vou fingir que estou gostando se eu não estiver gostando. Só vou sorrir por fora quando eu estiver feliz por dentro.
O fantástico da vida é logo isso: a possibilidade de sermos diferentes, eu lá vou deixar de me ser pra tentar ser igual aos que nada são?
Não tem porque tentar criar um padrão, não há receita para a felicidade. E se houver uma receita ela é tão somente individual, tão somente de cada um que não vai funcionar com o outro.

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